terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Meu irmão.


Sou o primeiro de três filhos. O único filho homem. Mesmo assim, tive um irmão logo quando fiz dois anos de idade. Ele não era filho de minha mãe e muito menos de meu pai. Ele se quer morava em nossa casa. Ele vivia do lado, na casa vizinha, de número 72.

Não me lembro da primeira vez que eu vi o Lucas, mas me lembro da primeira vez que eu o esgoelei, após ele não querer carregar umas almofadas, enquanto brincávamos de escravo e capataz. Eu sempre levei as brincadeiras a serio e ele começava a descobrir isso.

Aos seis anos de idade, ele começou a brincar com coisas mais elaboradas. Foi ele quem me mostrou que existiam parafusos em brinquedos e me apresentou chave de fenda. Perdi muitos carrinhos por conta dele. Bendita curiosidade.

Juntos, fizemos a primeira experiência com pilhas Duracel em uma cobaia humana que se tem noticia em Dom Silvério. Conseguimos, depois de muito penar, convencer um menino a lamber a parte interna e roxa da pilha. Descobri ali, o quanto a ciência é arriscada. Tomei a minha primeira surra, de milhares da minha mãe. Não sabíamos que a boca roxa do menino o levaria para o hospital.

Ele só tinha um problema, não gostava de futebol. Tentei muitas vezes, em vão, fazê-lo torcer pelo Fluminense. Mas, não deu certo. O Máximo que consegui foi fazer o Lucas decorar o hino do clube.

Crescemos, tomamos rumos diferentes na vida, mas brincamos muito juntos e por isso a toda hora que me lembro da minha infância, lá está o Lucas ao meu lado. Um irmão. Que pode não ser de sangue, mas é de coração.