terça-feira, 10 de março de 2009

A professora de Ciências.



Eu poderia ter evitado muitas coisas na minha infância. Muitas tristezas, muitos sonhos, corações partidos, pequenos milagres, alegrias e pessoas. Mas, sempre escolhi correr os riscos ou os corria, por não ter escolhas.

O meu único temor em 1991 eram as terríveis argüições orais de ciências, da professora Lelena Felix. Não que eu não gostasse da Lelena, pelo contrário, tinha grande admiração pelo seu conhecimento, mas responder duas perguntas todas as quintas para a sala toda ouvir, não era uma coisa que eu gostava de fazer.

Primeiro, porque eu nunca me senti bem ao ser pressionado em público. Segundo, tudo que eu deixava de estudar para a argüição, era perguntando para mim. Eu sabia a resposta de quase todos da sala, mas quando chegava à minha vez, juro, eu não tinha as respostas. Fato era que, eu sempre errava e muitas vezes, me sentia envergonhado ao fim.

Após me sair bem em suas provas bimestrais, Lelena me convidou para uma conversa no final de uma de suas aulas. Ela me olhou nos olhos e me perguntou:

_Samarone, você tem tirado boas notas em minhas provas, vejo que você se esforça nos trabalhos, mas ainda não entendo o porquê, de você não responder as minhas perguntas na argüição oral. Você já percebeu que eu sempre faço as mesmas duas perguntas desde o primeiro dia?

Lembro que fiquei calado, enquanto várias justificativas furadas vagavam em minha mente. Como eu não percebia o óbvio? Eram as mesmas perguntas sempre. E ela completou:

_Uma das coisas mais importantes que posso te ensinar é que, você escolhe o seu futuro. Seu destino depende de você e das suas escolhas. Talvez, ele venha a bater a sua porta por várias vezes. Talvez, não. Fique mais atendo a todas as perguntas, elas sempre te levam a um novo caminho. Um sim ou um não mudam toda uma história.

E na quinta seguinte, acertei as duas perguntas da argüição oral.