quarta-feira, 15 de abril de 2009

O Aniversário.



Uma das coisas mais difíceis de ter irmãos mais novos é que você nunca mais sabe o que é seu. Sempre tem alguém ali, tentando pegar o que pertence a você. Ou pelo menos, faz você dividir. Seu canto no sofá predileto, seus brinquedos, a comida do seu prato e muitas vezes a atenção dos seus pais.

É uma luta constante, travada quase sem violência e com muito amor. Travada com a melhor das intenções e aromatizada com chocolate.

A única época do ano que eu me sentia novamente o único filho da família, era a semana do meu aniversário. Nela, todos me entendiam e me mimavam da melhor forma possível. Não precisava estender os lençóis, tinha café da manhã na cama, podia perder alguns dias de aula sem fingir dor de garganta, as irmãs ficavam amáveis e eu, tinha a doce expectativa da minha mãe fazer o tradicional bolo de chocolate no dia 16 de abril.

De todos os aniversários que tive, o de 1987 é o que mais me recordo. Minha mãe estava na ultima semana de uma gravidez bastante complicada. Assim, esse aniversário não teve doce, não teve refrigerante, minha casa não ficou cheia de convidados e não ganhei muitos presentes. Mas, mesmo assim, tive o meu bolo de chocolate. Foi o mais simples de todos que já recebi, mas o único que até hoje lembro o gosto.

Neste aniversário, além do inesquecível bolo, recebi um presente especial, um aprendizado da minha mãe que, também nunca irei perder. Aprendi naquele dia, ao completar sete anos de idade que, todas as coisas importantes da vida, têm que ser feitas com carinho, independentemente de qual situação você se encontre.

Ali, segurando o meu revólver de plástico (presente da minha madrinha), ao lado de minha irmã e de meus dois primos, descobri que, uma boa festa, só existe quando ela é feita com amor. Amor e bolo de chocolate.

Feliz aniversário para mim.