sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Da janela do Escritório do ES.



Essa semana estou trabalhando em nossa filial do ES. Um dia antes de vir para cá, já pensava em perder a minha brancura nas praias próximas.

Para mim, essa é a única vantagem do horário de verão. Sair as 18:00 horas, ainda com o sol brilhando. Mas por ironia do destino, a chuva não para de cair aqui. E eu estou achando que estou voltando ainda mais branco. Descobri que dias de chuva, só são bons, em Minas. Ver da minha janela essa paisagem, só me deixa com vontade de nadar o tempo todo.

Ps: Amanhã, vou filmar meu primeiro filme curta metragem. Estou animado.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Rato Aurélio o Rato Amarelo



Quando eu ainda tinha meus 16 anos e estudava em Alvinópolis, a professora de português, havia colocado nossa classe em um concurso de livros da cidade.

O projeto era escrever um livro sobre qualquer tema, fazer a capa e os desenhos internos e mandar encadernar. O Melhor livro ganharia uma caneta com dez cores, objeto esse, desejado por todos os alunos. Se eu não me engano, até cheiro tinha quando se escrevia com ela.

Bom, não ganhei a caneta mas, junto com o meu então amigo na época, Kiko, inovamos, fazendo um livro infantil que conseguia rimar todas as frases e juro que isso não foi fácil.

Ontem, mexendo em algumas coisas, achei o livro. Tive uma boa lembrança da minha infância. E hoje, resolvi colocá-lo aqui. Peço desculpas pelas rimas fracas e às vezes sem sentido, mas, volto a lembrar, era 1996 e eramos meninos. Mas a ultima estrofe é legal. Juro.


Rato Aurélio o Rato Amarelo

Como é dura a vida de um rato,
ainda mais, sendo esse rato amarelo.
Cor nada comum para Ratos.
É assim a vida de nosso amiguinho, Rato Aurélio.

Desde pequeno queria crescer na vida,
mas a sua cor o impedia.
Queria ser médico,
infelizmente, isso não podia!

Queria ser astronauta,
mas com um marciano o confundiriam.
_ Que bicho amarelo é esse?
Exclamavam e riam.

Não entendia o porquê, de tanta humilhação,
só porque sou amarelo? Isso não é razão.
Diante disso só teve uma solução,
ir para o laboratório ser cobaia de um anão.

Chegando lá, todos foram perguntar:
_ Quer cor mais feia, não tem vontade de mudar?
A humilhação foi tanta, que deu vontade de chorar.
Sozinho em uma gaiola o coitadinho foi ficar.

Toda aquela pressão ele não ia agüentar,
E resolveu fugir daquele lugar.
E um plano de fuga foi elaborar.
Amanhã, a meia noite e ponto eu vou me mandar!

Distraído estava, alegre a assoviar.
Nem percebeu que o pintor estava a pintar.
Por um simples descuido na lata de tinta foi cair,
Morreu afogado por que não sabia nadar.

Chegando ao céu, assustado ficou.
Todos os ratos tinham a mesma cor.
Percebeu então que a cor não importa.
E sim o interior é que tem valor.

domingo, 16 de novembro de 2008

O tháco.



Naquele verão em Dom Silvério, apareceu um garoto chamado Matias "Killer Boy". Matias era um sujeito alto para sua idade. Magérrimo para seu tamanho, e na sua cabeça, um exímio lutador de artes marciais. Aprendi tudo sozinho, dizia ele.

Contava histórias de sua difícil vida lutando pelo Brasil na Guerra do Golfo e de seus poderes de hipnotizar qualquer ser vivo, com apenas um rodar de dedos.

Um dia, Matias comprou um tcháco. E em outro, conseguiu um dos meus melhores amigos de infância como pupilo. Agora poderei passar meus ensinamentos, profetizava.

No começo, era estranho ver duas pessoas meditando em sala de aula e comendo broto de bambu no intervalo. Passavam todos os dias juntos, lendo livros, revistas da turma da Mônica e filosofando sobre as formas de camuflagem dos ninjas brasileiros. Mas o que parecia incrível, era que os dois, acreditavam de fato, nos poderes que tinham.

Certo sábado, Matias se vestiu com um hobby de sauna do seu pai, amarrou uma faixa vermelha na cabeça e convidou o seu pupilo para um treino com tchácos, nas “altas” montanhas de Dom Silvério.

No topo, Matias meditou por alguns segundos. Estranhamente, fez o sinal da cruz, e baixinho, pediu proteção aos deuses japoneses que conhecia. Sem pestanejar, começou a rodar o tháco. A cada giro completado, ouviam-se grunhidos e gritos de guerra. Por ali ficaram horas a fio, apenas rodando o tháco.

O que ninguém sabia, era que, aquele seria o ultimo dia de Matias em nossa cidade. Sua família o levou para ser internado em São Paulo e ele nunca mais voltou. Ele não resistiu às fortes doses de calmantes que recebia dos enfermeiros, quase que diariamente.

Há quem diga que, às vezes à noite, se você olhar por muito tempo para a torre da cidade, você pode ver um homem de pernas cruzadas, flutuando no ar, com movimentos repedidos nos braços. Deve ser ele, ensinando aos anjos, arte marcial. Pois, do jeito que as coisas estão, até DEUS, precisa de proteção.


Música do dia: A Punk, Vampire Weekend.

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Da janela do Escritório.




Mesmo tendo um pôr-do-sol assim, prefiro o dias chuvosos como hoje. Tenho lembranças mais gostosas, como o bolinho de chuva que comia vendo Jaspion na tv.


quinta-feira, 13 de novembro de 2008

O crachá.


É estranho, como a cada dia que passa, as pessoas ficam menos atenciosas e mais carentes. Já tem tempo que percebo isso, aqui no escritório. Às vezes, um simples bom dia, seguindo de um sorriso sem graça da minha parte, deixa todos os funcionários que me rodeiam, muito mais animados para o dia. E por incrível que pareça, quando sigo esse ritual dizendo o nome de cada pessoa, a animação fica contagiante.

Não demorou muito, fui testar isso fora do escritório. Comecei a chamar todo mundo pelo nome. E com o tempo, ler os nomes nos crachás, virou um vício inexplicável para mim. Em qualquer lugar que eu vou e alguém vem me atender, já procuro pelo crachá e o nome. E mais uma vez, é incrível o resultado. E o melhor, sempre que eu volto e sou atendido pela mesma pessoa, sou chamado pelo meu nome. E quer saber? Realmente é muito boa a sensação. E olho que nem uso crachá.

Mas ontem à noite, depois de anos chamando todos que conheço e não conheço pelo nome, fiquei, pela primeira vez, assustado.
No posto onde eu abasteci o meu carro, veio o frentista me atender. No crachá, Roberto.

_Roberto, pode completar.

_Como sabe o meu nome?

_Li no seu crachá.

_Ah! Sabe, esse foi o melhor presente que ganhei de aniversário.

_Hã?

_Hoje é meu aniversário. E você me deu o melhor presente do dia.

_Como assim? Qual presente?

_O respeito.

Repeti o nome dele mais umas quatro vezes antes de pagar e ir embora. E até agora, eu estou pensando e tentando explicar, o quanto, a cada dia, as pessoas, querem tão pouco uma das outras.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

A fitinha azul.


É engraçado como pequenas coisas trazem significados gigantes para nossas vidas. Há dois anos, recebi de minha irmã, que havia acabado de voltar da Bahia, uma fitinha azul.

Três nós, para três pedidos.

Foi assim, sem perceber, que eu já estava com a fita no meu braço. E mais ainda. Fiz os três pedidos tão depressa quanto à percepção que tive dos nós. Uma semana depois, um pedido já estava se realizando. Tirei a carteira de motorista. Não me lembrei do nó e muito menos do pedido. Mas da fitinha azul, não me esqueci. Pois, era ela que me lembrava qual era o meu lado direito na prova de direção.

Um mês depois já tinha outro desejo realizado, comprei o meu primeiro carro. E pela primeira vez, pensei que a fitinha poderia ter algum poder. Mas, poderia ter acontecido usando ou não ela, já que essas eram as metas que eu tinha comigo em 2006.

Os anos foram se passando e meu último desejo não acontecia. Era um desejo difícil eu sei, não é fácil pedir coisas que vão além de mim. Mas, mesmo assim, a fitinha gasta com o tempo, permanecia no meu braço.

Neste sábado o inesperado aconteceu. A fitinha se soltou. E tão depressa, veio a minha cabeça o ultimo desejo, o mais difícil e complicado pedido. E estranhamente me peguei sorrindo, com a minha mãe me mandando uma mensagem no celular:

“Preciso levar um beliscão. Parece mentira. Mãe está MUITO FELIZ. Obrigada por tudo. Beijos”

Ela havia realizado um dos maiores desejos da vida dela. Passar em uma prova de vestibular, depois de 28 anos sem estudar. É a minha mãe voltando a ser FELIZ, como eu me lembrava de pequeno.

O meu ultimo nó, era o desejo da felicidade dela, que há muito havia se escondido em algum lugar. E ele se realizou.

Não existe desejo maior que ver quem amamos felizes. E de alguma forma, que não sei explicar, penso agora e a todo instante, que a fitinha azul teve culpa nisso tudo. E a única coisa que ando falando para todos que eu conheço, é que, enfim, vamos ter uma advogada em casa.