quinta-feira, 13 de novembro de 2008

O crachá.


É estranho, como a cada dia que passa, as pessoas ficam menos atenciosas e mais carentes. Já tem tempo que percebo isso, aqui no escritório. Às vezes, um simples bom dia, seguindo de um sorriso sem graça da minha parte, deixa todos os funcionários que me rodeiam, muito mais animados para o dia. E por incrível que pareça, quando sigo esse ritual dizendo o nome de cada pessoa, a animação fica contagiante.

Não demorou muito, fui testar isso fora do escritório. Comecei a chamar todo mundo pelo nome. E com o tempo, ler os nomes nos crachás, virou um vício inexplicável para mim. Em qualquer lugar que eu vou e alguém vem me atender, já procuro pelo crachá e o nome. E mais uma vez, é incrível o resultado. E o melhor, sempre que eu volto e sou atendido pela mesma pessoa, sou chamado pelo meu nome. E quer saber? Realmente é muito boa a sensação. E olho que nem uso crachá.

Mas ontem à noite, depois de anos chamando todos que conheço e não conheço pelo nome, fiquei, pela primeira vez, assustado.
No posto onde eu abasteci o meu carro, veio o frentista me atender. No crachá, Roberto.

_Roberto, pode completar.

_Como sabe o meu nome?

_Li no seu crachá.

_Ah! Sabe, esse foi o melhor presente que ganhei de aniversário.

_Hã?

_Hoje é meu aniversário. E você me deu o melhor presente do dia.

_Como assim? Qual presente?

_O respeito.

Repeti o nome dele mais umas quatro vezes antes de pagar e ir embora. E até agora, eu estou pensando e tentando explicar, o quanto, a cada dia, as pessoas, querem tão pouco uma das outras.

Um comentário:

Raquel Mello disse...

Gostei.Essa histórias de crachás é esquisita.Eu sempre dou Bom dia as pessoas, mas quando usei crachá e as pessoas me chamavam pelo nome eu ficava intrigada(pq sempre esquecia a presença dele, e seu uso foi temporario) mas de qualquer maneira, parabéns por querer o sorriso do alheio!Abraço.Paz